Inédito (sem título)

Eles dizem “que nada!”
Que nada
Vai matar o rio
Poluir o mar
Derrubar a mata.
Juram que vai gerar
Emprego e renda.
Só que o rio secou
o mar virou lixão
E não há mais sombra
Apenas o sol a pino
E a gente sem onde
Para se abrigar.
Enquanto isso
Eu tô em casa parado
Já mandei currículo
Já bati em porta
E hoje penso em desistir.
Eles garantem
Que vai ter escola
E que agora
A saúde pro povo
Decola.
Mas meu filho já é grande
Mal lê e faz conta
E eu tô na fila
Há mais de ano
Pra arrancar um caroço,
Duvidando se chego
Mesmo até lá.
Eles trocam tapas
Cusparadas
Palavrões
E até tiros.
Mas na calada
Da escuridão
Se abraçam festejando
Os mesmos interesses,
Enquanto eu
Corro perdido
Com fome febre
E tosse seca
No país do retrocesso
Entre a estupidez
E a hipocrisia
Do que eles chamam
De direita e esquerda
Nas notícias da televisão.

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