Trem noturno para Lisboa

Semanas atrás tive nas mãos um exemplar do livro do francês Pascal Mercier. Por um capricho econômico, devolvi-o à gôndola da livraria e fui embora, arrastando a sensação pesada de que deveria ter agido ao contrário.

Hoje fui assistir ao filme que tem o mesmo nome do mais novo best-seller europeu. Há pouco, li, com atraso, algumas críticas sobre a obra  estrelada por Jeremy Irons. Para os críticos, faltou vigor ao transpor para as telas o que se encontra nas páginas.

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Cá comigo, acho que o defeito é um tanto outro, e aparece somente nos 20% restantes do filme. De repente, tudo passa a acontecer um tanto rápido demais e com uma facilidade que chega a contradizer o que se passou antes na história. Fica uma sensação de que o filme já estava longo demais – e nem era o caso – e por algum motivo precisava acabar logo. Dessa forma, o que caminhava para ser muito bom, perde fôlego e consegue chegar tão somente a ser bom.

O que já significa muita coisa e não deve ser desprezado em nome de qualquer capricho, nem mesmo econômico.

Dica

Steve Winwood

Belíssima coletânea.

Repassa de forma coerente a carreira de Steve Winwood, dando destaque não apenas às músicas dos discos solos, mas também ao que fez de qualidade nas bandas por onde passou, entre as quais a lendária Traffic.

Aponto os arranjos, além da musicalidade, como ponto alto da carreira desse músico, em minha opinião um dos grandes nomes do Rock’n Roll, sujeito que, por exemplo, soube usar com competência os sintetizadores, que viraram uma obrigação imposta pela indústria fonográfica na virada dos anos 70 para os 80.

Baixei por cerca de US$ 10 na Istore. Em loja de CD, nunca vi.

Segue o link do maior hit da carreira de Steve. Comercial pacas, mas não é por isso que deixa de ser uma linda canção.

https://www.youtube.com/watch?v=ztsl59DdVvU

Ganância e estupidez

A histórica ganância do brasileiro.

Se ganha 1, em vez de se contentar em aumentar seu ganho para 2, 3 ou até 4 – vá lá – , não, quer ganhar de uma só vez 10, 12.

E aí pode ficar sem nada.

Sinceramente? Tomara que sim.

Confira a boa reportagem do Uol sobre os preços na Copa do Mundo.

Segue o link.

http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2014/01/15/produtoras-brasileiras-cobram-caro-e-tvs-estrangeiras-desistem-da-copa.htm

O Estado e sua capacidade de piorar o mediano

A recente reforma que o Governo do Distrito Federal fez no sistema de ônibus, trocando as empresas e colocando veículos novos, conseguiu piorar algo que, no sistema, funcionava razoavelmente bem.

Falo das zebrinhas do Plano Piloto, pequenos ônibus que rodam apenas em Brasília, e não no restante do DF.

Eram velhas, chacoalhavam, faziam mais barulho que liquidificador com defeito e, dependendo do buraco em que passavam, a impressão é que deixariam pedaços pelo caminho.

Mas faziam, até a reforma, o principal: passavam nos horários.

Agora, inegavelmente, os ônibus são melhores. Novos, não fazem barulho e são equipados com alguns dispositivos técnicos que fazem vista ao passageiro. Perderam a pintura que lhes deu o apelido, embora permaneçam sendo chamados pelo diminutivo de mais de três décadas.

Mas com as latas velhas substituídas foram-se os horários certos.

Semana passada esperei mais de 40 minutos para voltar para casa e há dois dias chego atrasado ao trabalho. Hoje perguntei ao motorista sobre o antigo horário e a que horas passava o veículo que antecedia aquele. Totalmente desinformado, apesar de educado, disse que nem eles estavam entendendo nada, e continuou dirigindo.

No Uruguai, país da moda, pelo que li, os ônibus são antigos, mas bem conservados e fazem o que realmente importa: passar no horário.

Aqui no Brasil, fico pensando que o Estado tem um talento peculiar de deixar como está o que é ruim, piorar o mediano e não repetir o que dá certo.

As zebrinhas foram lançadas nos anos 1980 para melhorar o transporte da capital do país
As zebrinhas foram lançadas nos anos 1980 para melhorar o transporte da capital do país

O T-rex mora no shopping

Trex

Ceilândia é a maior e mais populosa cidade do Distrito Federal.

Já existe há mais de 40 anos e não tem, nem jamais teve, um cinema.

Apesar da alta densidade demográfica, possui muitos espaços vazios, que são públicos, e que tanto por meio do estado quanto da iniciativa privada, poderiam e deveriam ter recebido, há anos, locais de lazer, de atividades esportivas, de manifestações culturais.

A fotografia é a mesma em várias outras periferias do Brasil, oprimindo uma juventude sedenta por ter o que fazer, por canais de expressão e de canalização de uma energia própria da idade.

Fomentando tudo isso, há uma arguta percepção da injustiça social, que, sem válvulas de escape, se transforma em revolta, deságua no que estamos vendo acontecer nos shoppings, para o horror da classe média, espantada porque nunca se importou em tomar conhecimento dessa juventude posta debaixo do tapete das grandes metrópoles.

Mas não é só isso.

Esses jovens são também a face mais maltratada da sociedade de consumo, esse tiranossauro rex alimentado de hora em hora pela mídia e sua responsabilidade social desprezada em prol do faturamento; pelo Estado/governo que incentiva a produção para fins de consumo como caminho para o crescimento, e por nós mesmos, com nossos cartões de crédito estourados, comprando aquilo que não precisamos, apenas porque está em promoção e dá pra pagar em dez vezes sem juros.

Consumir tornou-se doentiamente um modo de vida.

Se assim não fosse, seria possível um “rolezinho” marcado para os parques, teatros, cinemas e não par a selva envidraçada e refrigerada em que vive o T-Rex.

 

Carolina Kasting, a atriz mais bonita do Brasil

Carolian Kasting

Na verdade não sei se é, talvez nem eu mesmo ache, caso ela seja a mim confrontada com outros rostos televisivos e bonitos. Disse isso porque a vi outro dia no vídeo e porque sou mais ignorante do que as portas em termos de atrizes de telenovelas.

Além disso, tenho tendência a uma queda por essas globais que, em termos de beleza, até são reconhecidas, mas sempre estão (ou estiveram) em segundo plano no “uau!” geral do público.

Nos anos 80, o Brasil se derretia pela Vera Fischer e pela Cláudia Raia, dois verdadeiros boeings aparecendo todas as noites nas telinhas da nação. Enquanto os colegas de escola babavam por elas, eu suspirava pela Lídia Brondi, pela Tássia Camargo e mesmo pela Glória Pires.

Lembram-se da Mayara Magri? Embora tenha pousado para a Playboy, não ocupava as melhores colocações no play list da rapaziada, não que eu me lembre. Mas eu era apaixonado por ela.

Certa vez escandalizei colegas de trabalho ao dizer que a apresentadora Cris Flores, com aquela pinta de caloura aplicada de universidade federal, era bem mais bela que a Ana Hickmann, ocupante da outra metade da bancada do programa que apresentavam (apresentam ainda?) na TV Record. Ficaram todos espantados: como uma mulher que ocupava praticamente todas as capas de revistas poderia ser preterida esteticamente por um simples mortal pagador de contas?

Há um tipo de beleza e sexy appeal (principalmente este) femininos consagrado pelos meios de comunicação. Juliana Paes é o exemplo mais recente. Então, acha-se estranho quando um homem diz que não perderia a cabeça por uma mulher adequada a esse padrão, mas que juraria amor eterno à Carolina Kasting com seu ar principesco de contos medievais.

O que no fundo eu quero dizer é que se não tomarmos conta, a mídia acaba decidindo por nós até mesmo quem devemos achar bonitos.

Idealismo

Ainda acho que um dos sinônimos de juventude é idealismo.

No link abaixo, uma entrevista com Sílvio Gomes, uma espécie de faz tudo do Sepultura, banda que mostrou ao mundo que no Brasil se sabia fazer heavy metal. Na história dos caras, a gente encontra, de maneira bem cristalina, o exemplo do tal “corra atrás do que você quer”.

http://desova.wordpress.com/2014/01/09/984/

sepultura

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