Livros da Minha Vida 2 – Caçadas de Pedrinho

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Descobri o mundo de Monteiro Lobato por meio da literatura e logo depois por meio da TV, na segunda metade dos anos 70, no seriado com Zilka Salaberry, Jacira Silva, Julio César, Rosana Garcia e Dirce Migliacio, entre outros.

Por aí, há de se ter uma ideia da importância da telinha na formação cultural da minha geração, com certeza a primeira a ser realmente impactada pelo veículo de comunicação que mudou o comportamento da humanidade no século 20.

Se vinha pelas páginas ou pelas imagens via satélite, me era indiferente: o fascínio que Lobato exerceu sobre mim me construiu como leitor, me ajudou a ser criança. As denúncias de que era racista, e que me parecem procedentes, são contra a pessoa. Para mim, não arranharam o brilho do autor, até porque não necessariamente um grande artista será um grande ser humano.

Mas a porta desse mundo de magia e aventura foi Caçadas de Pedrinho, terceiro ou quarto título da série infantil mais famosa – alguém duvida? – da literatura brasileira. A época, eu morava numa casa antiga no Grajaú, bucólico recanto da zona norte carioca. Havia um quintal com plantas viçosas e uma goiabeira, cujos troncos formavam uma forquilha onde eu adormecia.

Era difícil existir um menino que, tendo lido ou assistido ao Sítio do Picapau Amarelo, não tenha querido ser o Pedrinho. Não, ele não era nosso ídolo: ele era o que queríamos ser em nossas brincadeiras. Tenho certeza de que naqueles tempos eu fui, ao meu modo, um pouco, ou até muito o Pedrinho, porque, sem dúvida, aquele quintal no Grajaú era o meu Picapau Amarelo.