Brasil X Holanda, 2010*
Não é nenhuma novidade que faltava talento à essa Seleção Brasileira. O que não sabíamos é que também não havia controle emocional.
A Seleção me lembrou aquele suspeito que confessa a autoria de um crime logo que começa a ser pressionado no primeiro interrogatório na delegacia. E a expulsão de Felipe Melo foi uma confissão de que nosso time estava com os nervos em frangalhos, estranhamente quando ainda ganhava o jogo, quando poderia ter decidido o embate ainda no primeiro tempo, pois, ironicamente, fazia sua melhor apresentação em gramados sulafricanos.
Escrevo essas linhas triste, mas não desiludido. Esse time fez o que se esperava dele: fracassou, comprovou que perdeu tempo o torcedor que alimentou sonhos com uma seleção mal convocada e que ludibriou os mais ufanistas na vitória sem brilho diante do Chile.
Sabe-se lá, mas é de se desconfiar, que interesses pautaram a convocação quando assistimos aos comerciais da Gillete, da Brahma e alguns dos “milhares” dos quais o Robinho participou. Nem falo de Felipe Melo e companhia, para quem a camisa do Bonsucesso já seria pesada demais. Para uma Copa do Mundo, o jogador precisa estar, como se diz na gíria do futebol, na ponta dos cascos. Kaká e Luiz Fabiano estavam longe disso, e deram razão à desconfiança geral da crônica esportiva séria.
É informação errada dizer que a Seleção volta para a casa, porque simplesmente o Brasil não é a casa dela. Entre outros problemas – e isso não é um particular apenas da seleção desta Copa – está a falta de identificação do time com o torcedor, um torcedor que não vê nos estádios brasileiros praticamente nenhum dos jogadores que vestiram a camisa amarela, orgulho nacional.
Essa seleção volta para a casa dela – a Europa – para continuar jogando bem apenas no mundo encantado dos comerciais de TV.
*Na sábado que vem, volta ao blog a coluna literária de Alexandre Pilati